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40 anos de “De Volta para o Futuro”: quando o amanhã ainda era ficção científica

Uma viagem no tempo que marcou gerações

Em 1985, o cinema apresentou ao mundo o primeiro capítulo da trilogia “De Volta para o Futuro”, um dos maiores sucessos de Hollywood. No longa, o jovem Marty McFly, interpretado por Michael J. Fox, viaja para o passado — mais precisamente para o ano de 1955 — e, em seguida, para um então distante 2015. Hoje, quatro décadas depois da estreia, percebemos que o futuro retratado no filme já ficou para trás. E embora nem todas as previsões tenham se concretizado, algumas se mostraram surpreendentemente precisas.

O amanhã chegou — e já passou

Diferente de outras obras sobre viagens no tempo, que costumam explorar épocas muito distantes, “De Volta para o Futuro I” e “II” mantêm os pés no chão ao retratar saltos temporais de apenas algumas décadas. No segundo filme da franquia, Marty, sua noiva Jennifer e o excêntrico cientista Doc Brown, vivido por Christopher Lloyd, viajam para o dia 21 de outubro de 2015, a bordo do icônico DeLorean prateado, que hoje pode ser visto no museu PS.Speicher, na cidade alemã de Einbeck.

Naquela época, imaginar o que traria o século XXI era um exercício de pura especulação. E, embora algumas apostas tenham sido certeiras — como as chamadas por vídeo, os radares meteorológicos ou a popularização do turismo em países como o Vietnã —, outras previsões se mostraram distantes da realidade.

Tecnologias que ficaram no papel

Entre as inovações que não saíram da ficção estão os skates flutuantes, os carros voadores e as roupas que ajustam o tamanho ou se secam sozinhas. O fax, por exemplo, visto como símbolo de modernidade na década de 1980, já era praticamente obsoleto em 2015. A maior omissão dos roteiristas, no entanto, foi não prever o impacto global da internet — a verdadeira revolução tecnológica que moldou nosso cotidiano e transformou todas as esferas da vida.

Reflexões sobre destino e acaso

Além dos elementos tecnológicos, a trilogia também convida o público a refletir sobre o papel do acaso na vida das pessoas. O roteiro lembra que pequenas alterações no tempo e no espaço podem mudar o curso de uma existência inteira — um encontro perdido, uma escolha diferente, e tudo pode seguir um novo caminho.

O humor e a crítica embutidos no roteiro

Em uma das cenas mais memoráveis do primeiro filme, Marty, recém-chegado a 1955, menciona que o presidente dos Estados Unidos em 1985 é Ronald Reagan. Doc Brown, incrédulo, responde com ironia: “Ronald Reagan? O ator? E quem é o vice? Jerry Lewis?”. A piada foi tão bem recebida que, durante uma exibição no próprio Salão Oval, o então presidente Reagan pediu que a cena fosse rebobinada de tanto que riu.

Hoje, essa piada ganha novos significados, considerando os presidentes que vieram depois. A linha entre ficção e realidade parece, em muitos aspectos, mais tênue do que nunca.

Um marco cultural atemporal

Lançado nos Estados Unidos em 3 de julho de 1985, e na Alemanha em 3 de outubro do mesmo ano, o primeiro “De Volta para o Futuro” nasceu como um projeto isolado. O sucesso inesperado levou à produção de duas continuações. É curioso perceber que o intervalo entre 1985 e 2025 é agora maior do que entre 1985 e 1955 — o que torna a premissa do filme ainda mais intrigante. Para os mais velhos, é um lembrete do quão rapidamente o tempo passa; para os mais jovens, uma cápsula do tempo com críticas sociais e esperanças futuristas.

Legado e atualidade da trilogia

Mesmo passadas quatro décadas, a trilogia continua sendo objeto de discussões, análises e homenagens. Sua combinação de aventura, humor, crítica social e visão futurista permanece viva na memória do público. Embora o “futuro” de 2015 já seja parte do passado, o fascínio pelas aventuras de Marty McFly, Doc Brown e o DeLorean resiste ao tempo — assim como as boas histórias que nos fazem sonhar com o impossível.